GUERRA É PAZ, PAZ É GUERRA

A oposição já afirmou que essa violência não os vai intimidar e que vão continuar as marchas pacíficas até que o usurpador Nicolás Maduro seja deposto e que suas reivindicações sejam atendidas

Guerra é paz, paz é guerra

A oposição já afirmou que essa violência não os vai intimidar e que vão continuar as marchas pacíficas até que o usurpador Nicolás Maduro seja deposto e que suas reivindicações sejam atendidas

Graça Salgueiro

Graça Salgueiro
02 de maio de 2017

Enquanto no Brasil o assunto na mídia, nas redes sociais e conversas de botequim gira em torno dos mega-escândalos exibidos na “Operação Lava Jato”, a Venezuela arde e sangra, em meio a um mar de miséria, fome, repressão e assassinatos de gente inocente e desarmada, sem que no Brasil as pessoas se dêem conta. Poucos falam, alguns nem sabem aonde fica esse país e a maioria silenciosa, sobretudo da classe política e empresarial que tanto fizeram para colocar na marra a Venezuela no MERCOSUL, olha para o outro lado, cúmplice, como se não tivesse nada a ver com isso.

Décadas atrás, logo após a ascensão de Hugo Chávez ao governo venezuelano, a dissidência cubana alertou o que o destino reservava com a aproximação e infiltração de Fidel Castro na política interna da Venezuela. A coisa parecia tão estapafúrdia que os venezuelanos não acreditaram, não imaginaram que um dia passariam pelo mesmo que passam até hoje os cubanos contrários à ideologia assassina e tirânica do castro-comunismo.

Situação muito grave na Venezuela

Desde que a Assembléia Nacional (AN) foi oxigenada com maioria opositora e Nicolás Maduro fingiu aceitar, sabia-se que alguma coisa estava por vir. E veio. Ainda no ano passado Maduro impediu, através do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que se realizasse o plebiscito que iria decidir sua deposição, embora a coleta de assinaturas houvesse ultrapassado o número requerido em mais de 1 milhão; não realizou as eleições municipais que seriam em dezembro e até hoje não há data para tal. A AN cobrou que a Constituição fosse cumprida e, como resposta, em março desse ano Maduro destituiu os poderes legislativos, criando uma ilegítima “comissão constitucional” que legislava no lugar dos deputados, além de retirar a imunidade dos parlamentares.

Diante desse quadro, a oposição e a sociedade resolveram cobrar o cumprimento das leis através de marchas pacíficas que pretendiam dirigir-se à sede da Defensoria do Povo, mas o que encontrou foi uma brutal e desproporcional repressão da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), com o apoio das milícias conhecidas como “coletivos”, formada por indivíduos armados, violentos e motorizados.

Ruas venezuelanas parece um campo de batalha

No dia 19 de abril, quando se comemora uma data nacional, a oposição realizou “a mãe de todas as marchas”, enchendo as ruas com milhares de pessoas que apenas pediam a volta da democracia, independência dos poderes, o direito da AN de legislar, a liberdade dos presos políticos, eleições imediatas, respeito à Constituição e às liberdades individuais. A resposta foi uma repressão brutal: uso de gás lacrimogêneo comprados do Brasil no governo Lula e com validade vencida desde 2015, jogados indiscriminadamente, inclusive de helicópteros e em hospitais atingindo crianças e internados, espancamentos, detenção de mais de 1.500 pessoas, saques em lojas e supermercados.

A cada marcha a repressão recrudesce, enquanto Maduro em cadeia de televisão afirma que “não vai tolerar que a oposição terrorista, comandada desde Washington, continue com atos violentos e desrespeitando a Constituição Bolivariana”. Acusa a oposição de ter dado um “golpe de Estado” e disse que iria distribuir 500.000 fuzis para sua militância, entretanto, convocou uma marcha intitulada “Marcha dos jovens pela paz, contra o terrorismo da oposição”.

Essa carnificina comunista conta com o apoio irrestrito do PT e do Foro de São Paulo (FSP) que fez uma convocatória conjunta declarando o dia 19 de abril como o “Dia de Ação Mundial de Solidariedade com o Povo da Venezuela”, dos bandos narco-terroristas FARC e ELN e de vários partidos comunistas do mundo.

A OEA já vinha alertando a Venezuela de que se não cumprisse com a Constituição de seu país invocaria a Carta Democrática Interamericana, mas por falta de quorum foi-se adiando a resolução, até que no dia 26 de abril o Secretário-Geral do organismo, Luis Almagro, convocou uma reunião extraordinária com representantes dos países-membros e por 19 votos a favor, 10 contra, 4 abstenções e 1 ausência, decidiu-se fazer uma reunião com os chanceleres para finalmente tomar uma medida contra a Venezuela.

A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, emitiu um comunicado à OEA dizendo que seu país se retiraria do organismo alegando “ingerência em assuntos internos”, que seu país “não se submeteria às ordens do império”, que “os problemas da Venezuela deveriam ser resolvidos pelos venezuelanos” e propunha a CELAC como órgão mediador do conflito. Ocorre que a CELAC exerce as mesmas funções da OEA e tem os mesmos países-membros mais Cuba, exceto Estados Unidos e Canadá, e é um braço do FSP! Cuba foi, até hoje, o único país expulso da OEA e a Venezuela será o primeiro a sair por vontade própria, caso isso se confirme.

Até o dia 26 de abril o Ministério Público contabilizava 30 mortos, sendo 11 eletrocutados por uma cerca elétrica ao tentar invadir uma padaria, e os outros restantes assassinados a sangue frio com tiro na cabeça, o que evidencia que quem praticou tais atos é exímio atirador.

A oposição já afirmou que essa violência não os vai intimidar e que vão continuar as marchas pacíficas até que o usurpador Nicolás Maduro seja deposto e que suas reivindicações sejam atendidas. Ainda vai correr muito sangue inocente mas Deus permita que eles obtenham êxito.

 

 

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